"O velório simbólico, foi um ato público de resistência e reflexão ante a falta de poesia e delicadeza no dia a dia da cidade de Fortaleza: o trânsito, a pressa, a omissão, a impunidade, o medo e a violência acabem sendo desculpas para que nos isolemos em nossas ilhas móveis protegidas por vidros cada vez mais escuros e percamos a troca de olhares, o contato, o encontro… como se pudéssemos.
Estive no Passeio Público e me emocionei com este evento-intervenção–urbana, que atraiu várias figuras interessantes do centro e teve várias manifestações de apoio não só pelos artistas e afins que participaram, mas das pessoas em geral que se depararam com um cortejo fúnebre com direito a caixão e vela desfilando desde o Passeio Público, pelas ruas do centro, pela Catedral, em meio aos bares do Dragão do Mar, Praia de Iracema, até o aterro de Iracema onde foi realizada a queima do caixão e a despedida dele ao mar. No caminho alguns perguntavam ao cortejo: – Quem foi que morreu?, e os do cortejo respondiam: – A Gentileza!
Alguns riram, outros se agregaram, uns se assustaram e outros permaneceram inacessíveis à Senhora Gentileza que se despedia!“
texto de Ed, retirado do blog Neo Iluminismo (em 23 de maio de 2009, sobre ação ocorrida no dia 28 de março do mesmo ano)